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Diario Artesano

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Entre Abril de 2004 e Março de 2005; serão neste período implementadas acções de intervenção em várias àreas, tais como: O design, o markecting e as novas tecnologias. Este projecto irá beneficiar 30 Unidades Produtivas Artesanais, da região norte, em aspectos como: o design do produto, a imagem da "empresa" ou a comunicação.

Fundamentação do Projecto

O Património constituído pelas artes e ofícios é um bem que importa preservar, promover e divulgar, enquanto factor representativo de uma identidade cultural própria, determinante para a economia e desenvolvimento locais, bem como para a caracterização sócio-cultural das regiões.
Este sector da economia corresponde a um tecido tímido que se pauta por uma enorme fragilidade, constituído por pequenas unidades produtivas (por vezes apenas com um trabalhador – o próprio artesão), com debilidades características a nível financeiro, fiscal, de formação, de comercialização, de design de produto, de estratégia de gestão, entre outras, unidades essas pouco preparadas para fazer face aos novos desafios e exigências dos mercados actuais.

Carências em domínios como a gestão, as novas tecnologias, as técnicas de promoção, o marketing, bem como a falta de introdução de aspectos inovadores nas produções artesanais, têm contribuído fortemente para uma estagnação do sector e para uma imagem desclassificada do mesmo, o que em nada auxilia o seu tão esperado (e exigido) desenvolvimento.
Se, no artesanato tradicional em geral, as intervenções devem incidir prioritariamente na salvaguarda e transmissão de saberes e técnicas que importa preservar para a caracterização da expressão popular da nossa cultura, já em alguns casos pontuais será importante estudar novas valências e funcionalidades que assegurem a sua viabilidade e sustentabilidade.

Este diálogo entre tradição e modernidade pressupõe, de um lado, a conservação e desenvolvimento do artesanato tradicional, tendo em conta o seu valor patrimonial, sem esquecer ou descurar, por outro lado, a introdução de aspectos inovadores que conjuguem a mudança com a natureza do produto, adaptando as produções às novas exigências da vida actual.

Também no artesanato dito contemporâneo, esta acção é imprescindível, nomeadamente ao nível da formação artística indispensável à qualidade técnica e estética das produções, conferindo-lhe uma imagem de modernidade e competência, adaptada a um discurso coerente entre o produto e o seu mercado alvo.

Uma necessidade fundamental para a revitalização do artesanato é perceber o mercado, sendo certo de que não existe um público homogéneo mas, pelo contrário, existem diversificados públicos com exigências e gostos distintos.
O consumidor compra aquilo de que gosta, aquilo com que se identifica e com que identifica o seu estilo de vida. Daí ser lógico deduzir que o mercado do artesanato é segmentado, havendo lugar para as produções tradicionais (ditas clássicas ou rústicas) e para as contemporâneas, portadoras de inovação.

Desta forma, todas as acções a implementar nesta área deverão ser direccionadas para as exigências do mercado e para as novas tendências, directrizes fundamentais para um novo posicionamento das produções artesanais, renovadas e recriadas segundo as pretensões do seu público/cliente-alvo, (mas nunca descaracterizadas e adulteradas).

E porque o artesanato é um produto com conteúdos que exprime modos de ser, de ver e de pensar, oposto a qualquer produto industrial em que a funcionalidade se sobrepõe a outro qualquer atributo, é forçoso não descurar as especificidades regionais responsáveis pela diferenciação cultural, pela afirmação identitária, pela antítese à cultura das massas e à globalização.

Aplicar novas técnicas a formas tradicionais, criar novas formas utilizando velhas tecnologias, aplicar saberes antigos a conceitos modernos, cruzar o trabalho de artesãos e designers numa perspectiva de complementaridade e recriação... são estes os aspectos principais que pretendemos focar neste projecto, estando sempre subjacente a ideia de inovação que se pretende não só estética, mas também funcional, tecnológica, qualitativa e organizativa. Inovar no produto, através de intervenções qualificadas, mas também e simultaneamente nas estratégias de marketing, de gestão e comercialização adoptadas, pontos fulcrais para o sucesso de todo o processo.

Pretende-se, assim, desenvolver iniciativas que vão de encontro aos problemas atrás expostos, colmatando falhas há muito sentidas, que têm comprometido uma dinâmica e uma projecção do sector das artes e ofícios que seria desejável para a sua forte implantação/desenvolvimento, tanto mais no actual momento em que a sua estruturação é já uma realidade com a definição do Estatuto do Artesão e das Unidades Produtivas Artesanais e com a saída da portaria que regulamenta o sector.

Objectivos do Projecto

Dando corpo à estratégia definida no ponto anterior, referem-se como principais objectivos do projecto os seguintes:

1) Dotar o sector das artes e ofícios de instrumentos necessários a uma maior projecção do artesanato da região norte, por forma a que este possa reflectir uma imagem dinâmica e de qualidade, procurando novos caminhos e valências que vão de encontro às necessidades e gostos actuais.

2) Proporcionar aos artesãos participantes no projecto, know-how que lhes permita novas abordagens, tanto a nível da qualidade técnica e estética dos seus produtos, como a nível empresarial e dos circuitos de promoção/ comercialização.

3) Consciencializar os intervenientes do projecto para a importância da inovação, do design do produto e imagem e do domínio das novas tecnologias de informação e comunicação para o sucesso das unidades produtivas/artesãos.

4) Consciencializar os intervenientes no projecto para a importância crescente da organização empresarial das microempresas artesanais, como forma de aumentar a competitividade e abarcar novos mercados (nacionais e estrangeiros).

5) Constituir um centro de informação e apoio técnico que permita aos artesãos o esclarecimento de dúvidas, o tratamento de questões administrativas, o aconselhamento técnico e a divulgação de informações de interesse para o sector.

6) Concretizar uma experiência piloto que possa ser utilizada como referência para desenvolver novas metodologias de actuação, no sentido de dar maior e melhor visibilidade ao Sector, nomeadamente no que se refere ao artesanato contemporâneo e às novas expressões do artesanato tradicional da região do norte.

Calendário das Sessões de Divulgação

Porto, 3 de Maio de 2004, 17,30 horas no CRAT - Centro Regional de Artes Tradicionais.

Viana do Castelo, 7 de Maio de 2004, pelas 17,30 na RTAM - Região de Turismo do Alto Minho.

Vila Real, 10 de Maio de 2004, pelas 17,30 no NERVIR - Núcleo Empresarial de Vila Real.

Barcelos, 14 de Maio de 2004, pelas 17,30 no Museu de Olaria de Barcelos.

Miranda do Douro, 17 de Maio de 2004, pelas 17,30 no Auditório Municipal de Miranda do Douro.

Bragança, 18 de Maio de 2004, pelas 17,30 no Auditório Municipal de Bragança.

Chaves, 19 de Maio de 2004, pelas 17,30 na ADRAT - Associação de Desenvolvimento Regional do Alto Tâmega.

Guimarães, 24 de Maio de 2004, pelas 17,30 no Museu Alberto Sampaio.

Vila do Conde, 28 de Maio de 2004, pelas 17,30 no Salão Nobre do Centro Municipal da Juventude.

Fuente: Associação de Artesãos da Região Norte.
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